Por muito tempo, acreditava-se que a produção de leite e o teor de gordura tinham uma relação inversa, onde vacas de alta produção apresentavam menor percentual de gordura e vice-versa. Esse antagonismo genético está ligado ao gene DGAT1, que influencia a síntese de ácidos graxos no úbere.
No entanto, com a introdução da seleção genômica em 2009, essa relação começou a mudar. Dados indicam que, em Holsteins, o teor de gordura aumentou 0,59%, enquanto a produção de leite cresceu mais de 912 kg. Em Jerseys, a gordura subiu 0,27%, sendo esse avanço impulsionado principalmente por manejo e nutrição. A correlação genética negativa entre leite e gordura, antes estimada em -0,60, caiu para -0,30, indicando um enfraquecimento dessa oposição.
A seleção genômica tem sido determinante nessa evolução, permitindo a escolha de animais que combinam alta produção com maior concentração de sólidos no leite. Além disso, a recombinação genética pode estar favorecendo rearranjos que reduzem o impacto negativo entre esses traços.
Embora ainda haja incertezas sobre os limites dessa tendência, os dados sugerem que a pecuária leiteira caminha para um futuro onde será possível produzir mais leite sem comprometer sua qualidade nutricional, beneficiando tanto produtores quanto a indústria.